À luz da Lua

Ao abrir a porta do meu quarto, era quase duas e meia da manhã, a luz da lua refletia no chão do meu quarto e parte da minha cama. Segui a luz, me aproximando da janela em frente ao pé da cama iluminado, era a lua invadindo meu quarto, querendo dar luz pra minha noite pra lá de escura e sem graça sem você…

Dia de saudade

Você foi pra alguns metros mais longe
e eu senti TANTO…
Fiquei imaginando
“E quando for para outra cidade,
mais longe ainda?”
A saudade.

Quer dor… que saudade.
Queria tá perto, que vontade.

Beatriz Corbal. 07F2k23

Quase três meses

Faz quase três meses que você partiu e mais três da minha vida que me mantenho grata por tudo que se dedicou em vida a deixar para nós.
Em meio as suas coisas, ainda é tão presente teu cheiro. É um cheiro só sei e mais um cheiro de produtos de limpeza no meio. Você gostava sempre de manter tudo em ordem e limpo…
Percebi que você já não estava bem na partida da sua mãe,
Já não se importava se repetia roupa,
Não sentia fome, emagreceu, foi tendo mais dificuldades de locomoção e também nos evitando mais, dessa vez também já não se importava com o que diriam…
O apoio das mãos virou sua única amiga. Ainda assim a recusou bastante. Mas descobri que tinha mais três dela pelo seu quarto escondidas. Isso me mostrou quanto medo tinha de não conseguir andar mais…
Você lutou muito. Lutou. Se cansou. Se desfez, tentou viver do resto que tinha de si. Foi tudo enquanto aguentou.
Foi tudo pra todos nós. Foi nossa perna mais forte. Foi bengala também quando não tínhamos onde nos apoiar.
Sua cama me deu vontade de chorar… Não acreditei… as molas dos colchões perfuravam os lençóis e ali você se deitava e se levantava todos os dias…
Eu não sei como foi sua queda mas eu acompanhei ela mesmo distante há anos atrás, antes da sua partida definitiva.
Foi ela ir embora e você quis ir junto. Escutava do meu apartamento seus gritos e choro desesperado questionando aos céus por quê ela te deixou.
De lá pra cá, só vi você tentando continuar mas eu sentia que estava difícil demais pra você… Talvez mais que pra todos. Mas cada dor é uma dor e quem sou eu pra medir a de alguém?
Apesar da nossa distância nos últimos anos, nos últimos três meses ficamos próximos.
Seu quarto tem tanto de nós. Me encontro tanto em partes de você…
Por que raios nossa relação se rompeu daquela forma? Por que eu não fui tão boa pra te entender e aceitar do seu jeito? Eu te aceitei do meu jeito, mesmo quando eu não te entendia. Todos os dias eu tentei. Algumas eu desisti, não me senti pronta, estive magoada mas 80% eu estava aqui em pensamento pensando no que eu devia ter feito, onde eu podia voltar atrás, até onde eu seria aceita ou amada de novo… mas eu não sei o que houve até hoje. Tem quem duvide que aconteceu alguma coisa e ache que é coisa que eu criei na minha mente… Por que eu criaria uma distância com quem eu tenho tanto em comum e queria tão próximo por isso? Não faz sentido…tantas coisas eu não entendia mas sabe, eu aceitei de peito aberto tudo. Eu não me importava se houve ou não alguma coisa. Aceitaria teu carinho como viesse a mim, tuas poucas palavras e forma esquisita de demonstrar um afeto ou um laço ainda que nos ligasse pelos últimos fios…
Tuas gavetas tem tanto de mim. A paixão por coisas de papelaria, são tantas canetas, o gosto por arte, cultura pop, música, livros de biografias, chaveiros que ganhamos ou lembra algum momento, coisas colecionáveis, cartões postais que nunca serão enviados, o sonho por viagens que talvez nunca façamos, paisagens…
Papéis e mais papéis. Cadernos. Caderninhos. Cadernetas. Agendas, envelopes grandes, pequenos, fichas, uma variedade de  réguas de tamanhos diferentes, tudo que possa manter tudo organizado…
Papéis de presente, adesivos, figurinhas.
Fotos e mais fotos espalhadas. Câmeras analógicas. Rolos de câmera registrando fases da infância que não queremos jogar fora.
Cômodas com gavetas que agarram.
Mania de guardar dinheiro. O gosto por poupar. O hábito de vários cantinhos com dinheiro, é no banco, em casa, nas gavetas, em potes… o medo de faltar sempre presente nos detalhes.
O gosto por programas de miss Brasil e miss universo… foi tanta coisa que você passou pra mim e que eu fui gostando…
O hábito de ler os rótulos de tudo, saber como tudo é feito, entender e mesmo que não sirva de nada a informação, sentir satisfação por aprender aquilo e um dia contar pra alguém todo contente.
Queria ter tido oportunidade (e abertura) de ter feito nossa relação ser melhor, mais saudável, mais fofa e divertida como era quando eu tinha meus seis, sete anos de idade.
Nossas fotografias guardam as memórias que tenho de ti em meu coração, só isso que importa.
Daqui pra trás sempre foi só isso que me importava. Nada era maior do que esse laço que já tivemos um dia. Nada nunca será maior também do que tudo que fez por nós.
Descanse em paz, eu sei que vai dizer que sou nova ou que não vou saber fazer tudo que fez para seguir em frente e alguns dos teus passos na família. Mas eu estou e para o que eu não estiver, vou me preparar para honrar teu esforço em manter tudo certo e todos bem.
Meu coração e nossa memória é só gratidão.
Sempre te amei.
Um dia nos vemos e te conto tudo que rolou por aqui na sua ausência. Vai ser babado e confusão.
Sei que não vai se aguentar de curiosidade e onde estiver, vai estar espiando mas oh, vai dar tudo certo, preocupa não (risos).

Beatriz Corbal. 13012023